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Barragem de Petit Saut, Guiana: versão amazônica de Chernobyl construída pela EDF com recursos franceses

Barragem de Petit Saut, Guiana: versão amazônica de Chernobyl construída pela EDF com recursos franceses

ASPAG, Clube de canoagem-caiaque-piroga da Ilha de Caiena organiza passeios para sensibilizar o público sobre o impacto da barragem de Petit Saut

Antes de construir outras barragens devastadoras na Amazônia brasileira, a EDF (Électricité de France) nos deve explicações sobre o desastre da barragem de Petit Saut.
A EDF está entrando no mercado de grandes barragens polêmicas na Amazônia brasileira. Escolhemos, pois, esse momento crucial para o futuro da Amazônia para relembrar que a EDF, multinacional francesa que pertence majoritariamente ao Estado francês (84%), é responsável de um ecocídio há quase vinte anos. Por isso podemos considerar a barragem de Petit Saut como pequena “Chernobyl da Amazônia”: a EDF deve dar mais explicações sobre o verdadeiro desastre que ela causou na floresta nativa da Guiana Francesa, como também o deve a França que além de ser a anfitriã da Conferência Internacional sobre o Clima (COP21) é também um dos nove países detntores de uma parte da região amazônica, esse pulmão do nosso planeta.

Na Amazônia brasileira, as grandes barragens, construídas de maneira ilegal pela presidenta Dilma Roussef, são amplamente denunciadas pelos povos indígenas e populações locais, ribeirinhos e pescadores, que são altamente prejudicados por essas obras. Existem também denúncias na Amazônia francesa (Guiana Francesa), que são ignoradas pelas autoridades e pela imprensa: é preciso impedir a qualquer custo que estoure um escândalo. Nessa mesma ocasião, a EDF, construtora da barragem de Petit Saut, continua a persistir em entrar no mercado rentável de grandes barragens no Brasil. Após a barragem de Sinop, atualmente em construção nas proximidades do território dos caiapós, a EDF pretende fazer o máximo possível para ganhar o leilão do complexo de barragens no rio Tapajós, único afluente ainda preservado da Amazônia. Esse projeto provoca atualmente a indignação dos ecologistas do mundo inteiro e a revolta dos povos indígenas da região afetada (povo Munduruku).

Mas voltemos à Guiana, onde navegamos no lago artificial da barragem de Petit Saut. O espetáculo é apocalíptico. Restos de árvores emergem da água morta. Essa floresta nativa sacrificada foi qualificada de reator químico pelo jornal francês Le Monde. Ela foi devastada pelo lago da barragem de Petit Saut, construído entre 1991 e 1994 (durante a presidência de François Mitterrand) na bacia do Sinnamary, ao noroeste de Caiena, cujo represamento terminou em 1998. Esse é o maior lago artificial de barragem da França.

Se supõe que a barragem de Petit Saut, cuja capacidade de produção é de 116 MW, deve fornecer uma “energia limpa” (ou “energia verde”) à Guiana Francesa. Entretanto, o represamento dessa barragem construída pela EDF é um exemplo de catástrofe ecológica de origem humana. Para construir essa obra escandalosa, a França destruiu mais de 370 km² de floresta nativa (mais da metade da superfície de floresta primitiva devastada para a construção de Belo Monte), incluindo a flora e fauna que faziam parte da região. Hoje em dia, as consequências são graves: o desaparecimento de mais de metade das espécies de peixes e um lago que virou fábrica de gases do efeito estufa, além de grande produtor do mais tóxico derivado do mercúrio: o metilmercúrio.

Em 2008, o comité científico de Petit-Saut constatou que “a decomposição da biomassa submersa havia provocado uma desoxigenação rápida das águas e, ao cabo de alguns meses, uma grande produção de metano, cuja oxidação em meio aquático havia reforçado, até o inicio de 1995, a anóxia quase total da represa – i. é, falta de oxigênio na água”. Falando claramente, Petit Saut é atualmente uma verdadeira fábrica de gases do efeito estufa (metano e gás carbônico) a céu aberto.

Esse fenômeno não havia sido considerado nos estudos de impacto que permitiram a construção da obra. Os responsáveis por esse desastre nunca foram punidos.

Em 1994, a produção de eletricidade teve que ser paralizada, a água liberada, já que a falta de oxigenação ameaçava a sobrevivência dos peixes na vazante. A EDF teve que instalar um aerador antes de reativar as turbinas.

Em 2015, a EDF, promovendo a tecnologia e a experiência francesas, dedica-se à elaboração de novas barragens devastadoras na Amazônia brasileira. Nós nos opomos totalmente a esses projetos, principalmente aos que eles planejam no rio Tapajós. Fazemos um apelo aos nossos simpatizantes para que mudem de fornecedor de energia visto que essa empresa - que pertence majoritariamente ao Estado francês - baseia seus lucros na destruição de ecossistemas tão valiosos.

Para saber mais sobre nossa campanha “Stop tapajós!” http://raoni.com/actualites-835.php

Se você deseja enviar depoimentos sobre experiências vividas na barragem de Petit-Saut, o convidamos a entrar em contato conosco pelo seguinte e-mail: communication@ planeteamazone.org (sem espaços)

Publicação baseada no artigo "En Guyane, le barrage de Petit-Saut agit "comme un réacteur chimique" do jornal Le Monde:

http://www.lemonde.fr/…/en-guyane-le-barrage-de-petit-saut-…

e do documento:

https://fr.scribd.com/doc/240136819/Dossier-Petit-Saut-CGG…

Ver também:

http://www.guyaweb.com/actualites/news/societe/le-barrage-des-grands-sots/

Foto cedida pelo site da ASPAG, Clube de Canoagem-Caiaque-Piroga da Ilha de Caiena, que sensibiliza seus membros aos prejuízos causados pela barragem de Petit-Saut.

 


Traduzido por Luiza Sousa

 

Date : 01/03/2015

Author : Gert-Peter BRUCH

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